O futuro da indústria da música são os SINGLES?
No mundo globalizado em que vivemos, onde artistas tem conseguido quebrar as barreiras linguísticas e se lançar no acirrado mundo fonográfico, a idéia da ida a uma loja para comprar o single de sucesso do momento é distante, não?
A internet, com sua praticidade e rapidez, através de sites como YouTube ou de downloads de músicas traz a qualquer internauta singles variados e até cds completos com apenas um clique.
Mas, até que ponto essa facilidade ao consumidor tem afetado as produtoras musicais? Muitas delas podem encarar como o fim de um monopólio conquistado há décadas e podem achar dificuldades para se reinventar.
Não há como falar da influência da tecnologia na música descartando as produtoras musicais, pelo contrário, devemos considerar em todo momento que a indústria fonográfica se baseia nas grandes produtoras e gravadoras para a fabricação e comercialização de suportes físicos entre os CDs, DVDs, singles entre outras, e quando esta indústria passa por mudanças, as produtoras sentem forte estes impactos.
Atualmente, estão perdendo seu espaço para os novos formatos de áudio digital e gravadoras independentes que andam aparecendo cada vez em maior número auxiliadas pela internet e boas ferramentas tecnológicas.
Com a consolidação na década de 50, produtoras como Columbia, Decca e Capitol passaram a definir até os aspectos físicos deste novo mercado em ascensão na época, como a introdução do vinil.
Posteriormente, entre 50 e 70, foi a vez das outras indústrias criativas garantirem seu espaço se aliando a música e influenciado o modo como os produtores musicais encaravam o mercado e o estilo de música para consumo, levando em consideração as redes de mídias como televisão, rádio e cinema.
A partir daí, as mudanças que passaram a ocorrer foram diversas, e mesmo assim, a indústria permaneceu inalterada até meados dos anos 90. Nem mesmo substituições de vinil e k7 para os CDs, alcançaram resultados tão negativos para a indústria fonográfica quanto os que vemos hoje com a tecnologia.
Não foi uma mudança repentina, a inserção da música disponibilizada para downloads foi acontecendo aos poucos em consequência de diversos fatores, ao qual, só agora as produtoras estão se dando conta e tentando correr atrás do prejuízo.
Entre as mudanças mais significativas, podemos citar o surgimento de comunidades virtuais, como as redes de compartilhamento P2P, com o surgimento do Napster – site legalmente licenciado para downloads em 1999 nos EUA – e programas como Emule e Limewere, que geraram uma distribuição mais barata do que as comuns e com maior alcance. Depois, formatos de áudios diferentes foram surgindo, com ênfase para o mais comum, o mp3.
E mesmo as empresas tentando se adequar aos downloads digitais, disponibilizando algumas músicas de seus artistas, era como se a coisa começasse a sair do controle imposto por eles mesmos.
Como se não bastasse a tecnologia, surgiam as Homes Estúdios e produtores independentes apoiados pelas oportunidades do mercado digital e seu jeito barato de produção com estilos musicais mais diversificados do que produtoras como Sony Music, Uiversal, Warner e EMI, consideradas as maiores produtoras musicais do mundo, aceitavam.
Logo, o público passou a consumir e se influenciar menos pelas mídias tradicionais correndo atrás do que eles queriam ouvir.
O próprio artista foi afetado com tais mudanças. Teve que encontrar um novo modo de se relacionar com seus fãs, estes por sua vez, conseguiram isso através das mídias sociais, como Myspace e Orkut, e as mais recentes, Facebook, Twitter.
O problema então se tornou outro, as produtoras não tinham apenas que se preocupar com os novos processos de criação, nem com o mercado que continuava a cair, mas sim com a forma de divulgação e a constante disputa de atenção devido à enorme quantidade de veículos para exposição do artista ao qual todos tinham acesso.
Ganhar dinheiro, mais do que lucrar, se tornou uma questão de conseguir financiar acesso de divulgação exclusiva, como a televisão, por exemplo.
Segundo dados de 2010, de acordo com a Associação Brasileira de Música Independente (ABMI), 80% da produção nacional é independente. Mas ainda assim, com tantas facilidades de acesso, oportunidades oferecidas e com a tecnologia expandindo o mercado da música em dimensões inacreditáveis, a pirataria ainda é um grande problema em todo o mundo.
Mesmo inovando em tecnologia e talentos, o impacto da pirataria na indústria musical ainda é um assunto em desenvolvimento que impede a indústria de assegurar que haverá futuro com sucesso garantido.
No último relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), em 2013, estimou-se que 32% de usuários da internet ainda acessam regularmente sites que não são licenciados. A Federação espera contar com companhias e indústrias como intermediárias para inibir esses sites.
Nos EUA, a indústria de entretenimento tem apoiado dois projetos de lei que estão no Congresso – o Stop Online Piracy Act, conhecido como Sopa, e “Protect IP Act”, chamado de Pipa. Os projetos tem gerado tanta polêmica que em 2012, sites como Google e Wikipédia provocaram manifestações ou interrupções nos seus serviços.
Ambos os projetos de lei visam combater a pirataria na internet. O Congresso norte-americano anunciou o adiamento da votação do projeto do Pipa e deixou “em espera” o Sopa, segundo comunicados divulgados em Janeiro de 2012.
O último relatório sobre música digital publicado pela IFPI em fevereiro de 2013, onde se conclui que as vendas de música digital, entre os diversos formatos como assinaturas e downloads de faixas singles, movimentaram bilhões de dólares no mundo.
O Brasil foi citado por duas vezes. Na lista dos singles mais vendidos, Michel Teló está classificado em 6º lugar com 7,2 milhões de cópias e há um tópico falando especificamente do Brasil, citando que o mercado da música brasileira cresceu 8% nos últimos 3 anos).
E em meio a toda essa reviravolta, há artistas que ainda assim encontram um jeito de fazer sucesso conseguindo amplos alcances. Entre eles, temos o Justin Bieber que foi premiado com um disco de diamante recentemente, graças ao seu single Baby, lançado em 2010, como o mais vendido da história com as vendas digitais e streams, em mais de 12 milhões de vendas.
E não para por ai, a lista é imensa dos singles lançados atualmente, que mesmo dentro deste contexto envolvendo produtoras, pirataria e downloads, conseguiram ótimos resultados.
Justim Timberlake por exemplo, afastado da música desde 2006, conseguiu ter seu disco,” The 20/20 Experience”, como o mais vendido do primeiro semestre de 2013, contabilizando mais de 2 milhões de cópias até o final de junho.
O Brasil, que está entre os países com crescimento mais rápido neste mercado, segundo Rob Wells, presidente de negócios digitais da Universal Music Group, também usa a internet e os downloads como aliado, alguns artistas são lançados primeiro no mundo virtual, para depois se expandir para fora. É o caso da cantora Anitta, que conseguiu ter seu singles “Show das Poderosas”, como o mais vendido do iTunes e enorme número de visualizações no Youtube.
Desse modo, não podemos considerar a internet como culpada de tais mudanças, pois em casos como esses não há culpados e nem vítimas, tudo é parte do processo natural de evolução pelo qual todas as coisas passam.
É bem verdade que elas, a internet e a tecnologia, foram grandes aliadas para que isso acontecesse, mas é tudo uma questão de correr riscos para encontrar novos meios de voltar a ganhar dinheiro no mercado da música, pois sendo um dos mais fundamentais nos setores da indústria criativa, consegue sempre um espaço para aceitar as novidades.
Sobre a autora:
Aline (alinerodrigues@sautlink.com) é estudante e apaixonada na arte de escrever e pesquisar histórias e fatos. No Grupo Sautlink é colaboradora da área de Comunicação, Conteúdo e Mídias Digitais.
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